Meus amores, se tem uma entidade que anda entre nós com plumas, brilho e um deboche sereno que desafia o tempo, essa entidade atende pelo nome de Ney Matogrosso. E olha… o Conversa com Bial dessa semana foi praticamente um culto pop à resistência, à arte e ao corpo que nunca se curvou à caretice. Sim, ele — com 81 anos no RG e zero idade espiritual — sentou na cadeira do Bial pra mostrar que ainda pisa firme, canta forte e incomoda como nunca. Um ícone atemporal, que atravessa gerações com mais classe que desfile da Grande Rio.
Bial, nosso jornalista existencial, tentou puxar o fio da história. E Ney, com aquele olhar que já viu de tudo, contou do seu début nacional em 1973, no “Fantástico”, como vocalista dos Secos & Molhados. Quem viu, viu. Quem não viu, que se contente com os arquivos da memória nacional, porque aquilo foi um divisor de águas com salto, glitter e um delineador que matou metade do preconceito só no olhar.
Ney falou de tudo: da imagem como instrumento musical, das trilhas sonoras de novela que embalaram casais e desilusões, e da arte suprema de simplesmente não se explicar. Porque, como ele mesmo deixou claro, ele não precisa levantar bandeira — ele É a própria bandeira. Estampada em technicolor, com cílios postiços e um gogó que não desafina nem em retrocesso político.

Mas o ponto mais emocionante? Ney revelou o motivo real por trás das maquiagens intensas e das figuras andróginas no palco: ele se pintava pra poder ser livre na rua. Isso mesmo. Numa época em que artista não podia andar tranquilo sem ser abordado, julgado ou tratado como atração de circo, Ney maquiava o rosto como um escudo de anonimato. Era sua maneira de cantar ao mundo e ainda assim poder comprar pão em paz. Ele não se escondia de quem era — ele se protegia do mundo que ainda não sabia como lidar com ele.
E se você achou que ele ia entregar só memórias, se enganou. Ney disparou reflexões sobre identidade, estética e liberdade com uma serenidade que só quem já enfrentou censura, moralismo e patriarcado de frente (e com collant cavado!) é capaz de ter.
E vamos combinar? 81 anos. OITENTA E UM. E ainda tem voz pra dar e vender, postura de pantera, e presença que faria muita twink influencer chorar no banheiro da sauna. Ney não envelheceu — ele se lapidou. Enquanto a maioria vai perdendo a cor, ele virou prisma.
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Moral cintilante: Alguns artistas envelhecem. Outros, como Ney Matogrosso, viram constelação.
Eu não dou opinião. Dou aula de sincericídio.